

Medidas buscam promover o alívio do sofrimento físico, emocional e espiritual dos pacientes
Melhorar a qualidade de vida, reduzir sintomas físicos e emocionais são alguns dos objetivos dos Cuidados Paliativos, área de medicina que atua na abordagem de pacientes com enfermidades crônicas e ameaçadoras da vida, como o câncer. Além de reduzir sintomas físicos e emocionais, estudos indicam que sua implementação precoce pode melhorar a resposta ao tratamento oncológico e até mesmo aumentar a sobrevida.
De acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), o“Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”.
Essa modalidade de cuidado não se limita apenas ao tratamento de pacientes oncológicos. Pessoas com doenças cardiovasculares, respiratórias, AIDS, condições neurológicas degenerativas como a esclerose múltipla, entre outras enfermidades progressivas, também podem se beneficiar da medicina paliativa. A indicação é feita com base na gravidade do estado clínico e não na idade do paciente — sendo válida para idosos, adultos e crianças.
Para ampliar a compreensão sobre o tema, a oncologista clínica Débora Gaudencio, integrante do time de tumores mamários da Oncoclínicas na Bahia e mestre em Cuidados Paliativos pelo King’s College London, esclarece quatro perguntas fundamentais.
1) Cuidados Paliativos consistem em tratamentos medicamentosos para alívio de sintomas?
Os Cuidados Paliativos vão bem além do alívio dos sintomas físicos e da prescrição de medicamentos. Eles funcionam como um tratamento complementar, focado no paciente e não na doença, os cuidados são para a pessoa (portadora da doença) com todas as suas complexidades e necessidades e por isso são promovidos por uma equipe multidisciplinar através de medicamentos, suporte psicológico e nutricional, fisioterapia e outras assistências a depender de cada caso. O cuidado deve ser sempre individualizado.
A proposta é reduzir o sofrimento do paciente, manejar sintomas e complicações da doença e do próprio tratamento, como os efeitos colaterais. Além disso, acolher e orientar a família e os cuidadores, facilitando tomada de decisões e melhorando a comunicação entre paciente, rede de apoio e equipe médica.
2) Quem compõe uma equipe de Cuidados Paliativos?
Além de médicos, a equipe envolve profissionais da psicologia, nutrição, enfermagem, fisioterapia, serviço social, fonoaudiologia, farmaceutico(a). Em alguns casos, os cuidados podem incluir também um assistente espiritual. Toda equipe deve trabalhar alinhada para proporcionar um cuidado integrado ao paciente.
3) Os Cuidados Paliativos podem ser usados, simultaneamente, com o tratamento tradicional?
Sim, devem! O tratamento oncológico (cirurgia, quimioterapia, radioterapia e outras abordagens mais avançadas) tem como objetivo a cura ou o controle da doença, enquanto os Cuidados Paliativos promovem conforto, qualidade de vida e dignidade.
Ambos se complementam e a depender do estágio da doença bem como das necessidades de cada paciente, um ou outro vai desempenhar um papel mais importante naquele momento.
4) Cuidados paliativos são indicados apenas aos pacientes em fase terminal?
Cuidados Paliativos não são uma sentença de morte. Apesar de serem continuamente associados apenas a pacientes em fase terminal, podem ser indicados em qualquer fase da doença oncológica, inclusive logo que diagnosticada, especialmente quando o paciente apresenta sintomas de difícil controle.
Quanto mais precocemente o paciente for encaminhado para os cuidados paliativos, maior o benefício. O foco dos cuidados paliativos será sempre a vida digna que pode ser vivida até os últimos momentos da jornada do paciente.
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